terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Ligação

Caminhando pela selva de pedras, ouvi uma música que vinha do meio da multidão. Avistei uma borboleta branca pousando em um galho tímido de uma árvore escondida. Liguei pra Marie.

- Como se descobre de onde vem uma música que mexe com o coração?
- Qual é o nome dele? - ela me conhece muito bem.
- Não tem ele!
- Ah, qual é? 

- Não tem ele. É ele!

O telefone ficou mudo. Há tempos Marie não sentia minha voz naquele tom.

- E o que está te impedindo de se permitir?

- Ele é livre, solto feito pena por aí. 
- Você também! 
- Eu me prendi em suas palavras pela manhã. Esqueci de ser eu depois dele. 
- Não pode se podar quando há vida. Aonde foi parar sua esperança?
- Ela foi embora depois que sonhei alto. Caí.

(...)

Marie concluiu com doçura:

"Certo, ande para a frente, conte até 5, inspire e respire, com calma... Sorria. Agora vire a esquerda, procure passos largos e vá atrás. Agora vire a direita e procure o sentido em algo..."

Então avistei a borboleta no meio das pessoas, cabeças, lojas, postes, céu, foi...

ACHEI! - gritei. Marie estava com enxaqueca. Pedi desculpas.

E ela disse "uma vez que o pote de ouro está em tudo, não há o final, apenas o caminho...". 

Num sorriso acanhado, agradeci. Desejei bom descanso a ela e voltei para dentro de mim, numa vontade de me achar novamente e senti, como brisa de que tudo pode mudar. Inclusive o tempo. De manhã estava sol, depois nublou. 

A vida é muito mais do que o dia de hoje! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário