segunda-feira, 10 de setembro de 2018

RoTInAiNa

Enquanto apreciava um café na quinta avenida, ouvi alguém gritar meu nome. Não era um dia qualquer, não se tratava de uma tarde de rotina em São Paulo. Era um descanso num sonho de Sex In The City. E me vi como a própria Carrie. 
Ele acenava de longe, sorria. Parecia óbvio. Aquele sentimento de impotência, não sabia se corria para um abraço ou se aguardava. Sorrindo. Acenando de volta...
Era para ser simples.
Ele resolveu vir de encontro. Então, um silêncio em nosso olhar pairou na mesa de café mais charmosa de New York. Podia ser mais uma Starbuck, mas era nosso momento. 

Não entendi como estávamos, nós dois, ali. Senti que podia tudo, podia o mundo. Inclusive, podia me arriscar... Resolvi falar.

Após diálogos comuns, familiares e estáticos, perguntei se havia pressa. E por alguma razão fora do comum, nenhuma. Propus um papo inesquecível e sigiloso. Abri meu coração.

- Sabe, preciso te contar que tenho saudades do que não vivemos. Temos um dia só nosso para tentarmos.
- Será que não estou acompanhando seu desejo? - ele disse. Continuou: 
- De que saudade tanto fala?
- A nossa. A única que só eu sei de onde. E do quê.


(silêncio)

Continuei:

- O que você acha de uma caminhada sem rumo?
- Eu gosto da ideia!
- Posso apoiar meu braço no seu?


Ele sorriu e pegou minha mão. Disse "Vamos? Tenho pressa!" - fomos.

Paguei, sorri e seguimos.

Começou a chover. Ele abriu o guarda-chuva e me abraçou. Ali, tudo parou.
No meio da rua ele se virou para minha frente, cuidando para que não me molhasse. Algumas gotas escorriam sobre sua pálpebra. Delicadamente, limpei...
Ele ajeitou meu cabelo para detrás da minha orelha e se aproximou. 

E por um momento que pareceu eterno, nosso mundo. Nosso beijo. Nossa música. Só nós.

Confesso que quando o olhei, enxerguei um brilho que não existia em nós. E foi assim que escolhi ser feliz. Aquele dia, aquela hora, aquele café e aquele clima. 

Não sabemos quanto tempo durou. Não sabemos se alguém buzinou. Só sabemos que não há por quê voltar. Não há por quê não tentar. Não há por quê não gritar para todo mundo ouvir: JÁ É.

                                              ...Continua (de outro lugar, ao acordar).

Só pra você saber

Hoje eu estava lembrando que já te esqueci
foi engano


Só pra você saber

Aquele dia não marcou, foi normal, nada atípico

Só um carinho.

E foi tão fácil te esquecer que outro dia te encontrei 

E vi que nosso olhar, 


 se cruzou - do nada.

Mas é porque você estava no caminho.


Só pra você saber.


E tudo que eu faça 
Não ajuda a te chamar 
E mesmo que eu queira
Você não está mais no lugar

E sempre que vejo
Nada mudou daquele tempo
                                                           e só eu te esqueci

Só pra você saber...


Eu esqueci você...