- Como se descobre de onde vem uma música que mexe com o coração?
- Qual é o nome dele? - ela me conhece muito bem.
- Não tem ele!
- Ah, qual é?
- Não tem ele. É ele!
O telefone ficou mudo. Há tempos Marie não sentia minha voz naquele tom.
- E o que está te impedindo de se permitir?
- Ele é livre, solto feito pena por aí.
- Você também!
- Eu me prendi em suas palavras pela manhã. Esqueci de ser eu depois dele.
- Não pode se podar quando há vida. Aonde foi parar sua esperança?
- Ela foi embora depois que sonhei alto. Caí.
(...)
Marie concluiu com doçura:
"Certo, ande para a frente, conte até 5, inspire e respire, com calma... Sorria. Agora vire a esquerda, procure passos largos e vá atrás. Agora vire a direita e procure o sentido em algo..."
Então avistei a borboleta no meio das pessoas, cabeças, lojas, postes, céu, foi...
ACHEI! - gritei. Marie estava com enxaqueca. Pedi desculpas.
E ela disse "uma vez que o pote de ouro está em tudo, não há o final, apenas o caminho...".
E ela disse "uma vez que o pote de ouro está em tudo, não há o final, apenas o caminho...".
Num sorriso acanhado, agradeci. Desejei bom descanso a ela e voltei para dentro de mim, numa vontade de me achar novamente e senti, como brisa de que tudo pode mudar. Inclusive o tempo. De manhã estava sol, depois nublou.
A vida é muito mais do que o dia de hoje!